Você poderia publicar de vez em quando algum diálogo privado, um desses que você tem por e-mail, por exemplo. Pode ser interessante e que...
Você poderia publicar de vez em quando algum diálogo privado, um desses que você tem por e-mail, por exemplo. Pode ser interessante e quem sabe, poético. Como aquelas publicações de cartas antigas trocadas entre personalidades. E isso é o que faço logo abaixo (sem que eu seja uma personalidade). A sugestão da publicação foi de meu amigo Emerson, aquele da coluna S I T T A e com quem tive o diálogo. O resto? É por sua conta e risco. Leia:
Emerson Sitta: Esse seu blog está numa
velocidade incrível.
Boa, amigo.
Parabéns
pelas atividades.
Mas, ontem
eu estava perdido entre alguns canais de TV, eu gosto às vezes de ficar sem
noção, sem pretensão, sem intenção, assistindo TV, distrai minha mente
perturbada. Enfim, encontrei um programinha chamado Tempos de Escola, coisa do
tipo, apresentado pelo Serginho Groisman, o cara do Altas horas, vida
inteligente na madrugada, muita pretensão isso. Mas, bom, a ideia do programa é
louvável, chamam um artista e falam sobre o tempo que ele viveu na escola, no
caso de ontem, era o Lobão a figura em destaque. O que me chamou a atenção foi
o discurso do Lobo, criticou indiretamente uma séria de personalidades da nossa
vida, como Chico, Caetano, a poesia concreta e etc. Disse que tudo merece
contestação, soou para mim como uma manifestação de inveja, falta de cálculo
sobre o tempo e a representação desses movimentos, e o Lobão se configurou como
um cara super inteligente, disse que não precisava da escola, não se importou
com a ditadura, por exemplo, uma figura de burguês, carioca da gema,
intelectual de escrivaninha e um agente, hoje, indispensável para os programas
de TV por ser causador de polêmicas. Imediatamente me lembrei de você, pois o
Lobo se projetava como contestador, indecifrável, sujeito independente de
políticas e etc. Mas para mim um novo Caetano do momento, ou não? Um bobo que
nem parece alegre, o que há no lobo que há em você? Assiste ao programa e manda
uma crítica sobre essas merdas todas que ele falou ou não, esquece tudo e
pronto...
é isso...
papo de final de tarde, mais nada...
valeu
Emerson Sitta
M.A.D. (o Sr Comunica): Obrigado pelo
blog, mas sinceramente acho que ele tem menos projeção do que teria num país
mais intelectual, mais pensamento.
Enfim, não
entendi se você me comparou ao Lobão ou o Caetano ao Lobão. Sobre todo o resto,
conheço o programa embora não tenha assistido isso. A importância do Serginho
Groisman ficou perdida em algum lugar da década de 90. O Caetano é aquilo, uma
coisa que hoje defende a direita, enfiando todo seu passado no rabo. A sorte
dele é que o passado, embora se dilua, não se apaga.
O Lobão é
algo que vai um pouco além do Caetano. Acompanhei Lobão desde a década de 80 e
tudo o que consigo ver são Lobões, muitos, dezenas mesmo, que nunca se
encontram no mesmo corpo. Não sei se é efeito das drogas, abstinência ou
retardamento mental mesmo. Ele solta bobagens imensas numa velocidade
inacreditável. Mas vendo outras pessoas falarem sobre o Lobão, que conviveram
com ele, vejo que ele, desde o tempo em que foi baterista da Blitz, sempre foi
um oportunista e marketeiro nato. O
que mantém o Lobão aceso até hoje é o fato de ser capaz de fomentar polêmicas.
Nesse aspecto, para a cultura nacional, ele tem o mesmo peso de um Bolsonaro ou
Pastor Malafaia. Fomentam polêmicas, não falam nada com nada e não contribuem
culturalmente com porra nenhuma, a não ser com esse estilo "big brother
brasil" de se relacionar com as pessoas - não importa o que você pense ou
o que você produza, mas sim o impacto que você causa, como um explosivo mesmo.
Vivemos no mundo das explosões, das guerras dadaístas que matam milhões de
pessoas, do jornalismo sensacionalista, de tudo o que é explosivo e vazio.
Sabe como se
faz um explosivo? Basta juntar muita pólvora em um recipiente, socá-la e atear
fogo. Simbolicamente, o que os Lobões fazem é socar mais do mesmo argumento
e atear fogo. Só isso. Abraços.
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