A pandemia silenciada entre os gritos dos fascistas

Texto escrito por Celso Sánchez, Professor universitário da UNIRIO e membro da Geasur.


O fascismo no Brasil é algo tão real e tão inédito como uma pandemia em tempos de globalização e 'datatização' dos sujeitos, tão invasivo e controlador quanto seguranças digitais e tão grave que até os fascistas acostumados a promover o abate e a limpeza étnica mirando "só na cabecinha", juram lutar pela democracia.

Com as hipocrisias à mostra, a classe média brasileira apelidada muito apropriadamente de “Elite do Atraso” por Jessé de Souza, não se envergonha de colocar “Black lives matter” em seus perfis de redes sociais de dia e de noite aplaudir operações policiais que chacinam crianças com “balas perdidas” pelas costas. São hipócritas de verde e amarelo que vão à igreja pedir a salvação das suas almas na eucaristia da prosperidade. O “Foi Deus quem me deu” é uma espécie de carteirada de superioridade espiritual. No entanto, depois do culto sem confissão, o cheiro de gente morta impregna o ar e as pegadas manchadas das famílias dos cidadãos de bem vão denunciando que a situação desse lugar que chamam de Brasil é muito, mas muito mais grave do que estamos tendo acesso. 

Sabem disso há muito tempo, os subnotificados, os sem CPFs, os sem certidões, incluindo de nascimento e óbito, os sem cova, os que se acumulam nos corredores e filas dos hospitais, os esquecidos, os favelados, os indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos, os prisioneiros, os imigrantes ilegais, as putas, as 'travas', os sem-terra, os sem-teto, os sem-chão, os trombadinhas, as crianças de toda (falta de) sorte, os postos de lado e todos aqueles que se podem asfixiar em frente as câmeras. Enfim, uma lista enorme de "esfarrapados do mundo", de "ninguéns" que se acumulam aos milhões numa imensa maioria invisível com cara de minoria, amontoados nos cantos de cada silêncio. 

Estão na sala de jantar e na sala invisível do palácio invisível do rei nu. Nossa pandemia particular tem 520 anos de uma doença crônica. Como diz um importante filósofo brasileiro, Rodrigo Dantas: “O Brasil é uma forma de violência”. É a violência crônica, essa árvore podre que dá como fruto o silêncio, a cegueira e a hipocrisia e cuja a flor cheira a genocídio. A sombra dessa árvore é um pesadelo que cada dia parece afundar nossos olhos numa lama de lágrimas e 'Samarcos'. 

Dor. Ardência. Insônia. “O Brazil não merece o Brasil, o Brazil está matando o Brasil” disse o poeta Aldir Blanc antes de morrer de falta de plano de saúde pública, sua causa mortis. Indignação. Raiva. Fogo no canavial! Talvez a única chance, a única herdeira seja a esperança. 

Só vamos vencer tudo isso que está aí com reforma agrária, educação, arte, cultura, tesão e muito, mas muito PAULO FREIRE, só com muita MARIELLE, só com muito CARTOLA, DONA IVONE LARA, só com muito RAONI e muita reza forte . Essas pessoas apodrecidas que assaltaram até a bandeira e o hino nacional vão passar, nós, não sei se passarinho, mas nós, formigueiro, podemos atear fogo no canavial.
AVANTE ! PORQUE AMANHA HÁ DE SER OUTRO DIA E PORQUE A ESPERANÇA É UMA SEMENTE QUE NASCE NO VENTRE DE QUEM LUTA !

(Texto escrito por Celso Sánchez, Professor universitário da UNIRIO e membro da Geasur).

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