Parece que hoje vivemos num mundo onde todos vivem sem tempo para nada. Cada vez mais a população lê menos jornais, menos impressos, menos livros. Na faculdade, a juventude, principalmente a que mora com os pais, é a mesma que pouco estuda ou produz, não tem hábito de leitura, não frequenta museus e bibliotecas e costuma reclamar da falta de tempo. Desconhece e satirizava autores intelectuais, desconhece a história de seu país, desconhece política, embora fale muito dela, e carece de cultura.
Sinto que as pessoas julguem a leitura de longos livros uma espécie de “perda de tempo” ou acusem como principal motivo da não leitura a “falta de tempo”. Esta percepção é absolutamente pessoal, baseada nas conversas que tenho e nas coisas que ouço.
Ao mesmo tempo, vejo esta mesma juventude dizendo: “passei a noite jogando” ou “já não assisto TV, só vejo vídeos no youtube” e assim por diante. Adquirimos o estranho hábito de olhar o tamanho do texto antes de iniciar a leitura, afinal de contas, vivemos sem tempo. Os jornais online já incorporaram a 'miudeza' em suas notícias. Nada raro eu começar a ler uma notícia interessante e chegar ao fim dela cheio de questões na mente, questões que ficarão sem respostas, pois a matéria acabou e não disse tudo o que deveria, simplesmente para satisfazer este estranho pensamento de vivermos sem tempo.
FAST THINKING é o termo utilizado por Pierre Bourdieu que significa o “rápido pensar”. Incorporamos o hábito do pensamento rápido, da leitura rápida, do tempo rápido: tudo tão rápido quanto superficial. Essa famosa expressão do “estou sem tempo pra nada” reflete-se no trânsito enlouquecido e desregrado, no analfabetismo funcional, na falta de estruturas de questionamento, pesquisa e investigação.
Muito comum dizermos: “meu Deus, este ano passou tão rápido”... E não é de se admirar, pois vivemos num ritmo FAST, o tempo todo. Estamos acostumados com este ritmo tão frenético, que muitas vezes somos incapazes de notar o nascimento de uma flor em nossa rua. Conversamos com nossos filhos avisando de início: “diga logo o que tem pra dizer, pois não tenho tempo”.
Até mesmo livros de auto-ajuda trazem a urgência da vida em títulos como “seja feliz agora” e mesmo quando não estampam a palavra agora, trazem o conceito subentendido no imperativo do título: “Seja um líder” (agora). Tudo é urgente e veloz. Não sei o que pretendemos com este hábito de rapidez e urgência, mas sei que qualquer que seja nosso objetivo, este deve ser atingido agora, afinal, não temos tempo.
(Via Marcelo D'Amico)
CORRE!!!!
ResponderExcluirpor que o tempo não pára não posso perder tempo aqui Amei teu texto e eu sou assim parabéns.
Artistico, não?
Não posso deixar de comentar, mt bom o texto, realmente é isso que acontece, mas será que todos nós não fomos assim um dia, e agora que o tempo passou estamos mais atentos para o próprio tempo? Grande abraço.
ResponderExcluirFala Marcelão, aqui estou eu.Irei postar o meu comentário, é o seguinte: nós jornalistas devemos optar em auxiliar na formação de cidadãos ou de meros consumidores. Graças, vejo que andas pelo caminho certo.
ResponderExcluirAbraço!
Esse é meu marido!!
ResponderExcluirMaravilha por natureza!
Vai Marcelo! Vai!
O tempo de leitura nunca é desperdício, pois a imobilidade física e consumista é esmagada pela aventura do pensamento.
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