O ato de discursar pode se tornar um vício em política, em detrimento das ações práticas, necessárias para a resolução de qualquer problem...
O ato de discursar pode se tornar um vício em política, em detrimento das ações práticas, necessárias para a resolução de qualquer problema. Apontar os erros alheios como forma de sustentar sua base de propostas, simplesmente pela falta de ação, omissão ou direcionamento enganoso de outros grupos, parece-me realmente, uma forma fácil de se fazer política. Um hábito que vem se tornando incrivelmente comum, em minha visão, é a glorificação do "eu" através da destruição do "outro", sempre que o outro significar a destruição do "eu".
Determinar quais são as carências políticas de nosso país e apontar e executar os meios reais de suprí-las não parece ser suficiente. É preciso vejificar tudo (vejificar é um verbo que criei para demonstrar o modo político-jornalístico de discursar da revista Veja, tendo como base conceitos de espetáculo de Guy Debord, já que a publicação cunha apelidos e utiliza discursos surreais ao dizer tratar da realidade). De fato, parece-me uma fórmula simples de se fazer política através das platitudes. Em outras palavras digo que a chamada intelectualidade brasileira, seja de esquerda ou direita, em amplo sentido se vejificou. Gasta muito mais tempo para corroborar, ou não, seus argumentos em vez de articular de fato as soluções possíveis. Ricardo Castro, no blog Simplesmente, traz uma bela explicação do que são as platitudes:
Não faço um clamor aqui por um certo pragmatismo político restrito, mas entendo que um famélico, antes de entender as razões políticas e históricas de sua fome, precisa mesmo é de alimento, para que tenha vida e condições físicas de compreender o atual contexto de suas mazelas. Você provavelmente não irá me convencer a dar comida para um famélico dizendo simplesmente que não o faço e por isso estou errado. Mas talvez consiga, ao revelar a importância desta atitude e mostrar os benefícios e a ética que esta ação contém. Ao criticar minhas posições atuais, conseguirá de imediato uma reação de defesa. Ao mostrar a importância das ações que me são ausentes, provavelmente conquistará minha colaboração pela força da razão que elas trazem em si.
De modo geral, livre das disputas entre egos, vejo que as coisas são bastante simples. Se quero lutar pela democratização das mídias, devo angariar forças para esta luta. Por motivos óbvios, não tentarei cooptar a família Marinho ou Saad para este fim, mas tentarei chamar aqueles que, assim como eu, são cidadãos brasileiros e não são beneficiados pelo oligopólio das comunicações de tv e rádio no país, ou seja, a maior parte da população. Particularmente, não tentarei, num primeiro momento, mostrar com críticas diretas a certos grupos o que a falta de ação destes tem a ver com interesses escusos. Escolheria, de modo mais genérico, apenas mostrar quais as implicações em não agir.
O motivo desta minha escolha é simples: ao fazer uma crítica direta sobre as posições pessoais de alguém, você está adicionando um elemento que rapidamente se colocará no centro do debate, quando de fato, deveria apenas estar em posição secundária ou terciária: o ego. Ao atacar minha pessoa, provavelmente, minha primeira reação será defender-me e a sua replicar-me, fazendo com que o real motivo do debate saia do centro da questão.
Veja um exemplo simples: eu preciso de dinheiro para sobreviver e João e Maria são também culpados por não me dar um trabalho. Percebo aqui dois debates que podem sobreviver distintamente sem nenhum prejuízo para ambos. Eu preciso de dinheiro para sobreviver é um deles, afinal estamos num mundo capitalista e etc. O outro, embora também seja verdadeiro, parece-me de menor importância: João e Maria são culpados por não me dar trabalho.
Posso argumentar que João e Maria não me deram trabalho porque sou negro, por exemplo, ou gay ou estrangeiro, e que eles não o fizeram por racismo ou preconceito. João e Maria vão responder que a decisão nada tem a ver com racismo e preconceito, e que apenas encontraram profissionais mais capacitados. Réplicas e tréplicas irão se estender ao infinito, a menos que João e Maria digam com todas as letras que o fizeram sim por racismo e preconceito, o que nunca acontecerá por motivos óbvios. Neste imbróglio, estarei apenas distanciando a resolução de uma questão que me é fundamental: a necessidade de dinheiro para sobreviver, embora o provável preconceito ou racismo de João e Maria também sejam importantes, mas em minha visão, não devem se misturar até que o essencial esteja resolvido.
Algumas pessoas ao meu redor, prontamente se colocarão ao meu lado ao saber da história de João e Maria. Outras se colocarão contra mim e tantos mais nem tomarão partido. Provavelmente, nenhuma delas resolverá minha questão essencial: a necessidade de dinheiro. Mas ao colocar João e Maira como questão secundária e resolver primordialmente minha falta de dinheiro, logo poderei tratar do racismo ou preconceito que provavelmente tiveram comigo, na adequada esfera para se tratar deste assunto: a justiça.
Seja pela vejificação de nossos discursos ou pela centralização de secundários em nossos debates, percebo que atualmente, um importante elemento político e transformador, que é a blogosfera, (a cada dia mais reconhecida por sua atuação e papel), pode estar se fragmentando ou se dilacerando. O primordial neste momento é o foco naquilo que é realmente essencial para a população brasileira e seu futuro: a democratização das comunicações no Brasil, um PNBL de fato (e não essa porcaria de engodo), um Conselho Federal de Jornalismo e um Conselho de Comunicação Social que não esteja amordaçado e inoperante como tal.
Como uma espécie de continuação ao texto ...Pois o futuro brasileiro é uma grande farsa é que escrevo este pequeno ensaio. A comunicação é mais do que essencial para o futuro político, econômico e social de um país, pois sem ela, não se faz política ou economia, e nem se constrói uma sociedade qualquer.
Todas as sociedades que mais prosperaram neste mundo, para o bem ou para o mal, sabem da importância e da centralidade que ocupa a comunicação em qualquer estrutura ou projeto. Se dentre as 100 organizações mais ricas do mundo, 51 delas são empresas privadas e 49 são países, você pode estar certo que os cem conhecem, estudam e aprimoram a maior ferramenta que possuem para ampliar seu domínio: a comunicação.
A Pepsi e a Coca-Cola nos últimos cem anos quase não alteraram o sabor de seus refrigerantes. Em todo este tempo, o que mais fizeram, foi aprimorar cada vez mais sua comunicação com seus diferentes públicos, sempre passando por diversas transformações. Dizem que se a Pepsi não existisse, a Coca-Cola a inventaria e vice-versa. Por quê? Porque esta guerra mercadológica entre poderosas corporações é essencial para alimentar o poder das duas ao mesmo tempo. De fato, elas não pretendem se destruir, mas apenas aumentar seu domínio em detrimento da outra.
Atualmente, os partidos políticos que estrategicamente amparam determinados grupos da blogosfera (e digo partidos no plural, porque para cada grupo não há apenas um partido, visto que desejam manter o aspecto de uma certa horizontalidade), podem ser vistos como Pepsi e Coca-Cola. Seus embates não se restringem a destruir seus adversários, mas a ampliar seus poderes de atuação em detrimento de qualquer coisa: sejam os adversários ou as causas que nos são essenciais. Repito mais uma vez que minhas causas essenciais são: a democratização das comunicações no Brasil, um PNBL de fato (e não essa porcaria de engodo), um Conselho Federal de Jornalismo e um Conselho de Comunicação Social que não esteja amordaçado e inoperante. O restante me parece secundário ou inundado em platitudes.
Determinar quais são as carências políticas de nosso país e apontar e executar os meios reais de suprí-las não parece ser suficiente. É preciso vejificar tudo (vejificar é um verbo que criei para demonstrar o modo político-jornalístico de discursar da revista Veja, tendo como base conceitos de espetáculo de Guy Debord, já que a publicação cunha apelidos e utiliza discursos surreais ao dizer tratar da realidade). De fato, parece-me uma fórmula simples de se fazer política através das platitudes. Em outras palavras digo que a chamada intelectualidade brasileira, seja de esquerda ou direita, em amplo sentido se vejificou. Gasta muito mais tempo para corroborar, ou não, seus argumentos em vez de articular de fato as soluções possíveis. Ricardo Castro, no blog Simplesmente, traz uma bela explicação do que são as platitudes:
Platitude é uma palavra pouco conhecida que descreve uma prática muito conhecida. Segundo o dicionário Webster (a palavra também existe na mesma forma em inglês e francês) significa “um comentário trivial, enfadonho, banal, sem originalidade”. Sua etimologia é do francês “Plat”, que significa plano, chato. Platitudes são frequentemente utilizadas por políticos profissionais. São uma forma excelente de preencher um discurso com frases que soam inteligentes, todos concordam, e não trazem nada de informação. Deixar sempre na névoa o específico, mantendo o discurso na zona de concordância dos clichês, longe da discussão de iniciativas tangíveis, é uma arte de sobrevivência e manipulação. Sobrevivência quando esconde uma ausência de compromisso com execução e resultados, manipulação quando esconde decisões concretas que, se trazidas ao foro de discussão, não teriam tão óbvia recepção quanto as tais platitudes. “Freedom! Democracy! Fight Against Terrorism!”, dizem as manchetes e os refrões dos discursos — para a aclamação e o aplauso. Em letras menores se diz “Invadir o Iraque”. Isso é manipulativo.
Não faço um clamor aqui por um certo pragmatismo político restrito, mas entendo que um famélico, antes de entender as razões políticas e históricas de sua fome, precisa mesmo é de alimento, para que tenha vida e condições físicas de compreender o atual contexto de suas mazelas. Você provavelmente não irá me convencer a dar comida para um famélico dizendo simplesmente que não o faço e por isso estou errado. Mas talvez consiga, ao revelar a importância desta atitude e mostrar os benefícios e a ética que esta ação contém. Ao criticar minhas posições atuais, conseguirá de imediato uma reação de defesa. Ao mostrar a importância das ações que me são ausentes, provavelmente conquistará minha colaboração pela força da razão que elas trazem em si.
De modo geral, livre das disputas entre egos, vejo que as coisas são bastante simples. Se quero lutar pela democratização das mídias, devo angariar forças para esta luta. Por motivos óbvios, não tentarei cooptar a família Marinho ou Saad para este fim, mas tentarei chamar aqueles que, assim como eu, são cidadãos brasileiros e não são beneficiados pelo oligopólio das comunicações de tv e rádio no país, ou seja, a maior parte da população. Particularmente, não tentarei, num primeiro momento, mostrar com críticas diretas a certos grupos o que a falta de ação destes tem a ver com interesses escusos. Escolheria, de modo mais genérico, apenas mostrar quais as implicações em não agir.
O motivo desta minha escolha é simples: ao fazer uma crítica direta sobre as posições pessoais de alguém, você está adicionando um elemento que rapidamente se colocará no centro do debate, quando de fato, deveria apenas estar em posição secundária ou terciária: o ego. Ao atacar minha pessoa, provavelmente, minha primeira reação será defender-me e a sua replicar-me, fazendo com que o real motivo do debate saia do centro da questão.
Veja um exemplo simples: eu preciso de dinheiro para sobreviver e João e Maria são também culpados por não me dar um trabalho. Percebo aqui dois debates que podem sobreviver distintamente sem nenhum prejuízo para ambos. Eu preciso de dinheiro para sobreviver é um deles, afinal estamos num mundo capitalista e etc. O outro, embora também seja verdadeiro, parece-me de menor importância: João e Maria são culpados por não me dar trabalho.
Posso argumentar que João e Maria não me deram trabalho porque sou negro, por exemplo, ou gay ou estrangeiro, e que eles não o fizeram por racismo ou preconceito. João e Maria vão responder que a decisão nada tem a ver com racismo e preconceito, e que apenas encontraram profissionais mais capacitados. Réplicas e tréplicas irão se estender ao infinito, a menos que João e Maria digam com todas as letras que o fizeram sim por racismo e preconceito, o que nunca acontecerá por motivos óbvios. Neste imbróglio, estarei apenas distanciando a resolução de uma questão que me é fundamental: a necessidade de dinheiro para sobreviver, embora o provável preconceito ou racismo de João e Maria também sejam importantes, mas em minha visão, não devem se misturar até que o essencial esteja resolvido.
Algumas pessoas ao meu redor, prontamente se colocarão ao meu lado ao saber da história de João e Maria. Outras se colocarão contra mim e tantos mais nem tomarão partido. Provavelmente, nenhuma delas resolverá minha questão essencial: a necessidade de dinheiro. Mas ao colocar João e Maira como questão secundária e resolver primordialmente minha falta de dinheiro, logo poderei tratar do racismo ou preconceito que provavelmente tiveram comigo, na adequada esfera para se tratar deste assunto: a justiça.
Seja pela vejificação de nossos discursos ou pela centralização de secundários em nossos debates, percebo que atualmente, um importante elemento político e transformador, que é a blogosfera, (a cada dia mais reconhecida por sua atuação e papel), pode estar se fragmentando ou se dilacerando. O primordial neste momento é o foco naquilo que é realmente essencial para a população brasileira e seu futuro: a democratização das comunicações no Brasil, um PNBL de fato (e não essa porcaria de engodo), um Conselho Federal de Jornalismo e um Conselho de Comunicação Social que não esteja amordaçado e inoperante como tal.
Como uma espécie de continuação ao texto ...Pois o futuro brasileiro é uma grande farsa é que escrevo este pequeno ensaio. A comunicação é mais do que essencial para o futuro político, econômico e social de um país, pois sem ela, não se faz política ou economia, e nem se constrói uma sociedade qualquer.
Todas as sociedades que mais prosperaram neste mundo, para o bem ou para o mal, sabem da importância e da centralidade que ocupa a comunicação em qualquer estrutura ou projeto. Se dentre as 100 organizações mais ricas do mundo, 51 delas são empresas privadas e 49 são países, você pode estar certo que os cem conhecem, estudam e aprimoram a maior ferramenta que possuem para ampliar seu domínio: a comunicação.
A Pepsi e a Coca-Cola nos últimos cem anos quase não alteraram o sabor de seus refrigerantes. Em todo este tempo, o que mais fizeram, foi aprimorar cada vez mais sua comunicação com seus diferentes públicos, sempre passando por diversas transformações. Dizem que se a Pepsi não existisse, a Coca-Cola a inventaria e vice-versa. Por quê? Porque esta guerra mercadológica entre poderosas corporações é essencial para alimentar o poder das duas ao mesmo tempo. De fato, elas não pretendem se destruir, mas apenas aumentar seu domínio em detrimento da outra.
Atualmente, os partidos políticos que estrategicamente amparam determinados grupos da blogosfera (e digo partidos no plural, porque para cada grupo não há apenas um partido, visto que desejam manter o aspecto de uma certa horizontalidade), podem ser vistos como Pepsi e Coca-Cola. Seus embates não se restringem a destruir seus adversários, mas a ampliar seus poderes de atuação em detrimento de qualquer coisa: sejam os adversários ou as causas que nos são essenciais. Repito mais uma vez que minhas causas essenciais são: a democratização das comunicações no Brasil, um PNBL de fato (e não essa porcaria de engodo), um Conselho Federal de Jornalismo e um Conselho de Comunicação Social que não esteja amordaçado e inoperante. O restante me parece secundário ou inundado em platitudes.
Gostei muito. Reflete a posição que venho defendendo em discussões internas, mas com uma objetividade implacável. Aparecerei mais neste espaço de reflexão.
ResponderExcluirAbraços,
Bruno, #eblog.
Muito obrigado pelo comentário. Volte sempre.
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