Não posso esconder a tristeza nesse caso que envolve o cartunista Glauco e seu filho, Raoni. Duas vidas ceifadas estupidamente. Tentei não ...
Não posso esconder a tristeza nesse caso que envolve o cartunista Glauco e seu filho, Raoni. Duas vidas ceifadas estupidamente. Tentei não escrever sobre o assunto, por achar muito triste o acontecimento. Tentei ficar em silêncio por imaginar a dor dos amigos próximos e familiares, mas por toda a mídia pipocam assuntos e opiniões sobre o homicídio, o Santo Daime, a maconha, a religião, o cristianismo, as drogas e assim por diante.
Não é de se estranhar. Faz parte da natureza humana querer explicar. Esse caso abriu espaço para se questionar muitos temas e a variedade, não dos temas, mas das besteiras, impulsionou essa minha quebra de silêncio. Principalmente depois que cometi o erro de ler um "artigo", de um colunista famoso da velha mídia, para ver o que tanto se fala por aí. Um colunista dedicado a falar de política resolve abordar um crime bárbaro? Fui ler, mas minha tristeza só aumentou.
A violência, como se espera, não se encontra numa arma de fogo ou num teclado de computador. A violência está nas mãos que usam essas ferramentas. E existem muitas formas de se matar ou desrespeitar alguém, podendo ser física, intelectual, sentimental, entre outras.
Quando um jogador de futebol, de um dos maiores times do país, pergunta quem nunca deu uns tapas em sua mulher, como se fosse algo comum, penso: nosso convívio com a violência é bem mais passivo (pacífico talvez) do que podemos imaginar. Quando os problemas de alcoolismo de outro jogador, desse mesmo time, é relativizado pela mídia em nome da Copa do Mundo, pergunto-me qual a nossa visão da dependência química. Mas basta ver um terceiro jogador, escoltado por traficantes numa festa, na capital das balas perdidas, em reportagens bastante leves, para ter uma forte impressão: somos levianos.
Quando um jogador de futebol, de um dos maiores times do país, pergunta quem nunca deu uns tapas em sua mulher, como se fosse algo comum, penso: nosso convívio com a violência é bem mais passivo (pacífico talvez) do que podemos imaginar. Quando os problemas de alcoolismo de outro jogador, desse mesmo time, é relativizado pela mídia em nome da Copa do Mundo, pergunto-me qual a nossa visão da dependência química. Mas basta ver um terceiro jogador, escoltado por traficantes numa festa, na capital das balas perdidas, em reportagens bastante leves, para ter uma forte impressão: somos levianos.
O pensamento é a característica que diferencia os homens dos demais animais. No mais, talvez sejamos iguais. O homem civilizado e moderno, parece ter separado de vez o pensamento do sentimento. Racionalizamos tudo, criticamos tudo: friamente. Sempre acreditei que, quanto mais se debate determinado assunto, mas se esclarece a seu respeito. Mas volta e meia vejo que nem sempre é assim, quando a intenção é somente falar e não ouvir. Falar por falar.
Quem sabe, esta não seja uma ótima ocasião para perguntarmos o que somos e o que fazemos? Talvez, ampliar nosso ponto de vista, tão estreito, tão funcional e relativo. O que realmente importa é ser humano. Mas o que é mesmo ser humano? É ser diferente dos animais? É ser um animal pensante e falante?
Não sei. São apenas fragmentos de pensamentos provocados por textos e reportagens que li e vi. Pode ser que amanhã eu mude de idéia. Pode ser que me cale outra vez. Pode ser que eu tente não ser tão leviano assim. Pode ser que no desejo de parir matérias, a mídia e o povo fale qualquer coisa. Afinal, na era da informação em tempo real, a velocidade deve valer mais que o pensamento. Ou não?
Não sei. São apenas fragmentos de pensamentos provocados por textos e reportagens que li e vi. Pode ser que amanhã eu mude de idéia. Pode ser que me cale outra vez. Pode ser que eu tente não ser tão leviano assim. Pode ser que no desejo de parir matérias, a mídia e o povo fale qualquer coisa. Afinal, na era da informação em tempo real, a velocidade deve valer mais que o pensamento. Ou não?
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